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quarta-feira, 2 de abril de 2008

Prática de Exercícios Físicos e Diabetes Mellitus

Saiba o que é o Diabetes Mellitus clicando no link abaixo:
Programação da atividade física para diabéticos

Antes de iniciar um programa de exercícios físicos, indivíduos diabéticos, devem passar por uma avaliação médica detalhada com métodos diagnósticos adequados. Inicialmente traçada uma história clínica e realizado um exame físico, com particular atenção nas possíveis complicações micro e macrovasculares (neuropatia, retinopatia, doenças cardiovasculares, controle glicêmico), que podem ser agravadas pelo programa de exercício. Além de glicemia de jejum; hemoglobina glicosilada, perfil lipídico, análise de proteínas na urina e avaliação oftalmológica (Grima, 1996; Carvalho, 1988).
Outro item de extrema importância, como complemento na avaliação de DM, mesmo que não sejam portadores de doença cardiovascular é o teste ergométrico. Recomenda-se principalmente ao se iniciar um programa de exercícios de intensidade moderada a alta em indivíduos: - Acima de 35 anos; diabetes tipo I com mais de 15 anos de duração; diabetes tipo II com mais de 10 anos de duração; presença de qualquer outro fator de risco para Doença Arterial Coronariana; Doença Vascular Periférica; presença de doença microvascular (retinopatia ou nefropatia); neuropatia Autonômica (American College Of Sports & American Diabetes Association, 2000).
De acordo com Pollock e Wilmore (1993), indivíduos com complicações não devem ser admitidos em programas de exercício físico, por estarem submetidos a maior risco de evento cardíaco durante a prática dos exercícios. A identificação das condições do indivíduo permitirá a elaboração de uma prescrição individualizada de exercícios que pode minimizar o risco para o diabético. Para American Diabetes Association (1995), o programa de exercício deve ser agradável, o paciente escolhe a atividade que goste e variar o tipo de exercício. O diabético deve fazer exercício num local e horário adequado. O exercício deve ser regular e perto da sua casa ou perto do local de trabalho. O comportamento do paciente deve ser reforçado por si, sua família e pelos profissionais envolvidos no programa.
Prescrição de exercícios
O programa de exercícios físicos para diabéticos, é extremamente complexo, pluridimensional e multiforme, necessitando ser complementado e interpretado por uma série de exames clínicos e laboratoriais, que ajudam a equipe do programa (médico, nutricionista e professor de educação física) a concretizar e adaptar as exigências específicas de cada diabético as suas reais condições de saúde (Nunes, 1997).
De acordo com o Colégio Americano de Medicina Esportiva - ACMS (1996), os diabéticos em geral podem participar dos mesmos tipos de exercícios que os não diabéticos para o seu treinamento físico, 5 a 7 vezes por semana. Entretanto devido a grande variabilidade individual no estado de controle e na resposta apresentada pelo paciente do exercício, é fundamental que o programa de condicionamento físico para esses tenha uma prescrição individualizada, possibilitando a aquisição saudável e segura dos seus benefícios (Benetti, 1996).
Para Balke (1978), a prescrição adequada de um programa de exercício físico segue determinada seqüência: o tipo de atividade a ser recomendada; Individualidade biológica; Adaptação; Intensidade, duração e freqüência das sessões de exercício físico; Motivação para o comparecimento regular; Reavaliação periódica.
Para os DMID, o treinamento deve ser realizado diariamente, pelo fato de auxiliar na manutenção do padrão dieta - insulina regular, 20 a 30m, monitorando os níveis de glicemia antes e depois do exercício.
Para os DMIND, a maior freqüência do treinamento (de moderada intensidade e baixo impacto), auxilia no controle do peso e no tratamento do diabetes (Pollock e Wilmore, 1993), tendo duração de 40 a 60 minutos, suficiente para um gasto de 200 a 300 kcal / sessão (Costa e Netto, 1992; Forjaz et al, 1998), em uma intensidade de 40 a 65% do VO2 máxima, devido a sua freqüência e duração serem altos (Benetti, 1996). De acordo com Leon et al (1984), para diminuir os riscos de problemas músculo-esqueléticos, os primeiros estágios devem ser de curta duração e gradualmente progressivos.

Efeitos do exercício físico no diabetes Tipo I (DMID)

O exercício no DMID é, na maioria das vezes, realizado em condições de deficiência ou excesso de insulina (Hidal et al, 1996). A insulina é um dos principais hormônios responsáveis pela regulação metabólica no repouso e mesmo durante o exercício, de acordo com Forjaz et al. (1998), a presença de diferentes estados insulinêmicos pode afetar distintamente as respostas metabólicas durante e após o exercício físico, fazendo com que o exercício melhore ou até, deteriore o controle glicêmico do indivíduo diabético.
As respostas pelo estado metabólico aos exercícios são influenciadas pelo estado metabólico em seu início. Em presença de deficiência de insulina e cetose, os exercícios causarão um aumento da glicose plasmática, acelerando a formação de corpos cetônicos. Isso ocorre porque a captação da glicose pelo músculo, medida pelos exercícios, depende da insulina, e com uma deficiência da mesma o aumento habitual da captação de glicose pelo músculo, durante os exercícios, estará diminuindo. A deficiência de insulina resulta em um grande aumento da produção de glicose pelo fígado e as concentrações de glicose circulantes no plasma aumentam significantemente. A resposta aos exercícios efetuados por um paciente com deficiência de insulina pode ser constatada com a situação clínica mais comum, em que o exercício é efetuado no momento em que existe um relativo excesso de insulina na circulação (Martins, 1998).
A glicose plasmática diminuirá durante os exercícios, ocorrendo à observação clínica de hipoglicemia provocada pelos exercícios. A elevação dos níveis de insulina causa uma inibição da produção hepática de glicose, a captação de glicose pelo músculo aumenta com os exercícios, mesmo assim, o fígado é incapaz de aumentar sua produção de glicose, para repor sua perda na circulação, ocasionando uma queda da glicemia.
Em estudos verificaram que indivíduos diabéticos, privados de insulina por 24 horas e em estado cetótico, apresentavam aumento da glicemia e da cetose durante o exercício físico leve a moderado, enquanto os indivíduos não-cetóticos não modificavam essas variáveis (Forjaz et al., 1998).

Efeitos do exercício físico no diabetes Tipo II (DMNID)

A fisiopatologia DMIND caracteriza-se basicamente pela diminuição da sensibilidade do organismo à insulina, ocorrendo predominantemente na musculatura esquelética, refletindo na diminuição do metabolismo não oxidativo da glicose (Forjaz et al., 1998).
O exercício moderado pode melhorar a hemoglobina glicosilada e a secreção de insulina, e esses efeitos podem ocorrer independentemente da manutenção ou não da massa corporal. Isto pode sugerir que esses efeitos benéficos não são necessariamente relatados para o treinamento, mas refletem bastante no complemento do efeito do aumento da sensibilidade à insulina após cada sessão de exercício (Uranic e Wasserman, 1990).
As maiorias dos estudos demonstram melhora em pacientes diabéticos que se exercitam regularmente, acreditando ser primeiramente devido a potencialização da ação insulínica na musculatura esquelética. O exercício ao aumentar a sensibilidade à insulina em DMIND, auxilia no controle do estado glicêmico desses pacientes, devendo portanto, ser incluído no tratamento dessa doença.

Benefícios da redução do peso corporal no diabético

Segundo Pollock & Wilmore (1993), a obesidade representa um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes. Para Katch e Mcardle (1996), aproximadamente 40% de todos os americanos são considerados pesados demais porque a sua massa corporal está pelo menos 10% acima do "peso ideal".
O padrão periférico é caracterizado por um maior depósito de gordura nas extremidades, principalmente nas regiões do quadril, glúteo e coxa superior, já o padrão centrípeto é definido por uma maior quantidade de gordura nas regiões do tronco, principalmente abdome. Alguns estudos constatam que mulheres obesas com excessiva quantidade de gordura na região abdominal, apresentam risco relativo de diabetes 10 vezes maior que as não obesas com acúmulo de gordura periférica (Guedes, 1998).
De acordo com Pollock & Wilmore (1993), em indivíduos obesos, parece ocorrer um aumento na secreção de insulina, acima de 100 a 200% das taxas normais e, ainda assim, uma deficiência relativa deste hormônio, tal como indicado pela glicemia elevada. À medida que o indivíduo vai se tornando obeso, ocorre uma redução no número de receptores de insulina, uma redução da sensibilidade à insulina, ou até mesmo as duas coisas (Guedes, 1998). Isto conseqüentemente geraria uma superprodução deste hormônio, numa tentativa de controlar os níveis glicêmicos (Pollock e Wilmore, 1993).
Para Martins (1998), a redução da massa corporal juntamente com o exercício físico pode ser considerada prioridade no método terapêutico para o tratamento do diabetes tipo II. Vários estudos foram apresentados envolvendo o treinamento físico e diabéticos tipo I, porém os resultados não são semelhantes. Um estudo elaborado por Soman, Koivisto, Deibert, Felig e De Fronzo apud Martins (1998), não demonstraram alterações nos níveis glicêmicos de jejum, após treinamento físico. Wallberg - Henriksson et al apud Martins (1998), demonstrou em um estudo que durante 16 semanas de treinamento físico, envolvendo 1 hora de corrida, ginástica, 3 vezes por semana, não alterou o controle da glicemia. Já outros autores encontraram resultados diferentes, como Campaingne, Gillian, Spencer, Lampman apud Martins (1998), demonstrando uma redução nos níveis glicêmicos em jejum em pacientes mais jovens do tipo I.
De acordo com Forjaz et al. (1998), não existem evidências definitivas que suportem os efeitos benéficos do treinamento físico no controle glicêmico dos diabéticos tipo I. Zinman e colaboradores apud Forjaz et al (1998), observaram que o treinamento aeróbico não modifica os níveis glicêmicos, a hemoglobina glicada ou a dose de insulina em indivíduos diabéticos do tipo I.
Já num estudo realizado por Forjaz et al (1998), verificou-se que o exercício regular diminuía a necessidade diária de insulina exógena dos pacientes diabéticos do tipo I. O tipo de insulina usada, o local da injeção, o tempo entre as injeções de insulina, o início dos exercícios e o tempo entre o exercício e a última refeição são importantes variáveis, na determinação da resposta metabólica aos exercícios, nos pacientes com diabetes do tipo I (Martins, 1998).
Para Netto (2000), os diferentes resultados encontrados podem estar relacionados às características individuais, assim como a freqüência e a intensidade do programa de exercício realizado. Embora não existam evidências definitivas de que o treinamento físico, por si só, melhore o controle glicêmico do indivíduo diabético do tipo I, ele auxilia efetivamente no controle de outras patologias associadas ao diabetes.
Num estudo de Forjaz et al (1998), foi observado que uma sessão de exercício físico intenso até a exaustão em indivíduos obesos resistentes à insulina, eleva significativamente a responsividade à insulina, aumentando, principalmente, o metabolismo não-oxidativo da glicose. Braun e colaboradores apud Forjaz et al (1998), observaram, em diabéticos tipo II, que tanto o exercício leve como o moderado aumentava a sensibilidade à insulina.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Prática de Exercícios Físicos e Hipertensão Arterial


O que é Hipertensão Arterial ?

A hipertensão arterial (HTA) ou hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma das doenças com maior prevalência no mundo moderno e é caracterizada pelo aumento da pressão arterial, medida com esfigmomanômetro ("aparelho de pressão"), tendo como causas a hereditariedade, a obesidade, o sedentarismo, o etilismo, o estresse e outras . A sua incidência aumenta com a idade. No Brasil, estima-se que um em cada cinco habitantes seja portador dessa patologia.

Exercícios Físicos
O exercício físico tem sido recomendado como uma terapêutica não-farmacológica no tratamento da hipertensão arterial. Tanto o exercício físico agudo, como o exercício físico crônico (treinamento físico) podem influenciar, sobremaneira, o comportamento da pressão arterial, constituindo-se, portanto, de um método efetivo para a redução de níveis elevados de pressão arterial. Nesta resenha serão apresentados alguns conhecimentos atuais sobre os efeitos de uma única sessão de exercício no comportamento da pressão arterial nas primeiras horas pós-exercício, bem como nas 24 horas pós-exercício. Além disso, serão apresentados os efeitos do treinamento físico aeróbio na pressão arterial e seus mecanismos hemodinâmicos associados.

Diminuição da Pressão Arterial Após Uma Única Sessão de Exercício Físico (figura 1)

Ao longo da última década aumentaram progressivamente o número de estudos que mostram o efeito hipotensor do exercício físico no período pós-exercício. Em outras palavras, uma única sessão de exercício físico aeróbio diminui a pressão arterial para níveis significativamente inferiores àqueles observados no período pré-exercício ou mesmo àqueles observados num dia controle sem a realização de exercício1,2,3,4. Ficou evidenciado ainda que essa queda pressórica depende do nível inicial da pressão arterial, isto é, pacientes hipertensos apresentam uma diminuição mais acentuada que indivíduos normotensos. Além disso, essa queda da pressão arterial depende da duração do exercício, mas independe de sua intensidade. O exercício físico realizado durante 45 minutos provoca queda mais acentuada na pressão arterial que o exercício físico realizado durante 20 minutos3, enquanto que o exercício físico realizado em 30, 50 e 70% do consumo máximo de oxigênio provocam queda semelhante na pressão arterial2 (Figura 1).
Figura 1. Pressão arterial média (PAM) medida em oito indivíduos saudáveis antes (Rep) e após 45 minutos de exercício realizado em cicloergômetro em diferentes intensidade. As medidas após o exercício foram realizadas aos 15 (R15), 30 (R30), 60 (R60) e 90 (R90) min de recuperação.
Quanto aos mecanismos que explicam essa queda pressórica, pode-se dizer que ela é devida a uma diminuição no débito cardíaco, em hipertensos idosos4, e a uma redução da resistência vascular periférica, em indivíduos hipertensos jovens1.
Apesar de interessante, este efeito hipotensor de uma única sessão de exercício, a partir de um certo ponto, passou a ser questionado quanto ao seu significado clínico, uma vez que os estudos realizados até aquele momento se restringiam a analisar a pressão arterial por apenas algumas horas no período pós-exercício. Na tentativa de responder esta questão, nós realizamos um estudo em nosso laboratório (dados não publicados) onde se investigou o comportamento ambulatorial da pressão arterial no período pós-exercício, em pacientes idosos hipertensos. Os resultados deste estudo mostraram que, de fato, a pressão arterial permanece abaixo dos níveis pré-exercício por um período de 24 horas, e que essa queda pressórica se deve, em grande parte, ao descenso noturno, evidenciando, portanto, a relevância clínica do exercício físico agudo na hipertensão arterial.

Diminuição da Pressão Arterial Após Um Período de Treinamento Físico (figura 2)

Hoje, não se têm dúvidas quanto aos efeitos benéficos do exercício físico praticado regularmente sobre a pressão arterial. No entanto, estudos bastante recentes mostram que esta queda pressórica depende, em grande parte, da intensidade do treinamento físico. Enquanto o treinamento físico de baixa intensidade, isto é, aquele realizado em torno de 50-55% do consumo máximo de oxigênio atenua, sobremaneira, a hipertensão arterial (Figura 2), o treinamento físico de alta intensidade não modifica a hipertensão arterial5. Estes resultados alteram de forma drástica o conceito de que quanto maior o volume e a intensidade do exercício físico, maior será o benefício para o paciente hipertenso. Ao contrário, o exercício de baixa intensidade e longa duração é aquele que mais beneficia o paciente hipertenso.
Figura 2. Pressões arteriais sistólica (PAS), média (PAM) e diastólica (PAD), medidas em um rato hipertenso sedentário e um rato hipertenso submetido a 12 semanas de treinamento aeróbio (50%VO2max).
Se, por um lado, não existem dúvidas sobre o efeito hipotensor do exercício, por outro, os mecanismos que norteiam essa queda pressórica ainda são controversos. De acordo com alguns investigadores, a redução da pressão arterial é conseqüência de uma diminuição na resistência vascular periférica, enquanto para outros, incluindo o nosso grupo, ela se deve a uma diminuição no débito cardíaco, associada a uma menor freqüência cardíaca que se instala durante o período de treinamento físico5. Em estudo recente do nosso grupo, aprendemos ainda que a diminuição da freqüência cardíaca de repouso pode ser explicada pela atenuação do tônus simpático no coração6. Em outras palavras, o treinamento físico normaliza a atividade nervosa simpática que se encontra aumentada na presença de hipertensão arterial. Ao contrário da bradicardia provocada pelo treinamento físico no normotenso, que ocorre pela modificação do marca passo que regula o ritmo do coração, a diminuição da freqüência cardíaca no hipertenso ocorre por uma normalização da atividade nervosa simpática no coração.
Mais recentemente ainda, verificamos que essa diminuição do tônus simpático no coração, em hipertensos, pode ser devida a uma melhora nos controles barorreflexo e cardiopulmonar7. Ficou evidenciado que, após um período de treinamento físico em ratos espontaneamente hipertensos, o controle barorreflexo para a bradicardia e para a taquicardia estavam significativamente aumentados nesses animais. E mais, o treinamento físico melhorou também o controle reflexo cardiopulmonar. Ora, se tanto os pressorreceptores arteriais como os receptores cardiopulmonares exercem uma modulação tônica sobre a atividade nervosa simpática, é possível supor que a atenuação do tônus simpático no coração, na presença de hipertensão, seja provocada por uma melhora nos controles reflexos arterial e cardiopulmonar.