O que é Hipertensão Arterial ?
A hipertensão arterial (HTA) ou hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma das doenças com maior prevalência no mundo moderno e é caracterizada pelo aumento da pressão arterial, medida com esfigmomanômetro ("aparelho de pressão"), tendo como causas a hereditariedade, a obesidade, o sedentarismo, o etilismo, o estresse e outras . A sua incidência aumenta com a idade. No Brasil, estima-se que um em cada cinco habitantes seja portador dessa patologia.
Exercícios Físicos
O exercício físico tem sido recomendado como uma terapêutica não-farmacológica no tratamento da hipertensão arterial. Tanto o exercício físico agudo, como o exercício físico crônico (treinamento físico) podem influenciar, sobremaneira, o comportamento da pressão arterial, constituindo-se, portanto, de um método efetivo para a redução de níveis elevados de pressão arterial. Nesta resenha serão apresentados alguns conhecimentos atuais sobre os efeitos de uma única sessão de exercício no comportamento da pressão arterial nas primeiras horas pós-exercício, bem como nas 24 horas pós-exercício. Além disso, serão apresentados os efeitos do treinamento físico aeróbio na pressão arterial e seus mecanismos hemodinâmicos associados.
Ao longo da última década aumentaram progressivamente o número de estudos que mostram o efeito hipotensor do exercício físico no período pós-exercício. Em outras palavras, uma única sessão de exercício físico aeróbio diminui a pressão arterial para níveis significativamente inferiores àqueles observados no período pré-exercício ou mesmo àqueles observados num dia controle sem a realização de exercício1,2,3,4. Ficou evidenciado ainda que essa queda pressórica depende do nível inicial da pressão arterial, isto é, pacientes hipertensos apresentam uma diminuição mais acentuada que indivíduos normotensos. Além disso, essa queda da pressão arterial depende da duração do exercício, mas independe de sua intensidade. O exercício físico realizado durante 45 minutos provoca queda mais acentuada na pressão arterial que o exercício físico realizado durante 20 minutos3, enquanto que o exercício físico realizado em 30, 50 e 70% do consumo máximo de oxigênio provocam queda semelhante na pressão arterial2 (Figura 1).
Figura 1. Pressão arterial média (PAM) medida em oito indivíduos saudáveis antes (Rep) e após 45 minutos de exercício realizado em cicloergômetro em diferentes intensidade. As medidas após o exercício foram realizadas aos 15 (R15), 30 (R30), 60 (R60) e 90 (R90) min de recuperação.
Quanto aos mecanismos que explicam essa queda pressórica, pode-se dizer que ela é devida a uma diminuição no débito cardíaco, em hipertensos idosos4, e a uma redução da resistência vascular periférica, em indivíduos hipertensos jovens1.
Apesar de interessante, este efeito hipotensor de uma única sessão de exercício, a partir de um certo ponto, passou a ser questionado quanto ao seu significado clínico, uma vez que os estudos realizados até aquele momento se restringiam a analisar a pressão arterial por apenas algumas horas no período pós-exercício. Na tentativa de responder esta questão, nós realizamos um estudo em nosso laboratório (dados não publicados) onde se investigou o comportamento ambulatorial da pressão arterial no período pós-exercício, em pacientes idosos hipertensos. Os resultados deste estudo mostraram que, de fato, a pressão arterial permanece abaixo dos níveis pré-exercício por um período de 24 horas, e que essa queda pressórica se deve, em grande parte, ao descenso noturno, evidenciando, portanto, a relevância clínica do exercício físico agudo na hipertensão arterial.
Figura 1. Pressão arterial média (PAM) medida em oito indivíduos saudáveis antes (Rep) e após 45 minutos de exercício realizado em cicloergômetro em diferentes intensidade. As medidas após o exercício foram realizadas aos 15 (R15), 30 (R30), 60 (R60) e 90 (R90) min de recuperação.
Quanto aos mecanismos que explicam essa queda pressórica, pode-se dizer que ela é devida a uma diminuição no débito cardíaco, em hipertensos idosos4, e a uma redução da resistência vascular periférica, em indivíduos hipertensos jovens1.
Apesar de interessante, este efeito hipotensor de uma única sessão de exercício, a partir de um certo ponto, passou a ser questionado quanto ao seu significado clínico, uma vez que os estudos realizados até aquele momento se restringiam a analisar a pressão arterial por apenas algumas horas no período pós-exercício. Na tentativa de responder esta questão, nós realizamos um estudo em nosso laboratório (dados não publicados) onde se investigou o comportamento ambulatorial da pressão arterial no período pós-exercício, em pacientes idosos hipertensos. Os resultados deste estudo mostraram que, de fato, a pressão arterial permanece abaixo dos níveis pré-exercício por um período de 24 horas, e que essa queda pressórica se deve, em grande parte, ao descenso noturno, evidenciando, portanto, a relevância clínica do exercício físico agudo na hipertensão arterial.
Hoje, não se têm dúvidas quanto aos efeitos benéficos do exercício físico praticado regularmente sobre a pressão arterial. No entanto, estudos bastante recentes mostram que esta queda pressórica depende, em grande parte, da intensidade do treinamento físico. Enquanto o treinamento físico de baixa intensidade, isto é, aquele realizado em torno de 50-55% do consumo máximo de oxigênio atenua, sobremaneira, a hipertensão arterial (Figura 2), o treinamento físico de alta intensidade não modifica a hipertensão arterial5. Estes resultados alteram de forma drástica o conceito de que quanto maior o volume e a intensidade do exercício físico, maior será o benefício para o paciente hipertenso. Ao contrário, o exercício de baixa intensidade e longa duração é aquele que mais beneficia o paciente hipertenso.
Figura 2. Pressões arteriais sistólica (PAS), média (PAM) e diastólica (PAD), medidas em um rato hipertenso sedentário e um rato hipertenso submetido a 12 semanas de treinamento aeróbio (50%VO2max).
Se, por um lado, não existem dúvidas sobre o efeito hipotensor do exercício, por outro, os mecanismos que norteiam essa queda pressórica ainda são controversos. De acordo com alguns investigadores, a redução da pressão arterial é conseqüência de uma diminuição na resistência vascular periférica, enquanto para outros, incluindo o nosso grupo, ela se deve a uma diminuição no débito cardíaco, associada a uma menor freqüência cardíaca que se instala durante o período de treinamento físico5. Em estudo recente do nosso grupo, aprendemos ainda que a diminuição da freqüência cardíaca de repouso pode ser explicada pela atenuação do tônus simpático no coração6. Em outras palavras, o treinamento físico normaliza a atividade nervosa simpática que se encontra aumentada na presença de hipertensão arterial. Ao contrário da bradicardia provocada pelo treinamento físico no normotenso, que ocorre pela modificação do marca passo que regula o ritmo do coração, a diminuição da freqüência cardíaca no hipertenso ocorre por uma normalização da atividade nervosa simpática no coração.
Mais recentemente ainda, verificamos que essa diminuição do tônus simpático no coração, em hipertensos, pode ser devida a uma melhora nos controles barorreflexo e cardiopulmonar7. Ficou evidenciado que, após um período de treinamento físico em ratos espontaneamente hipertensos, o controle barorreflexo para a bradicardia e para a taquicardia estavam significativamente aumentados nesses animais. E mais, o treinamento físico melhorou também o controle reflexo cardiopulmonar. Ora, se tanto os pressorreceptores arteriais como os receptores cardiopulmonares exercem uma modulação tônica sobre a atividade nervosa simpática, é possível supor que a atenuação do tônus simpático no coração, na presença de hipertensão, seja provocada por uma melhora nos controles reflexos arterial e cardiopulmonar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário